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Os meus passos são Teus

"Eu me abro ao Teu querer. Eu me rendo a Tua voz... Quero me submeter. Quero conhecer Teus planos..." 
Acredito que se você é católico ou se possui algum amigo católico, muito provavelmente já deve ter escutado essa música, mesmo que por engano. Se nunca escutou ela, faça essa experiência, garanto que não irá se arrepender.  
Essa música se chama "Teus Planos" e é do Juninho Cassimiro, um excelente compositor, músico e cristão. E a letra dessa música tem tocado muitas pessoas que eu conheço, incluindo a mim. Mas porque? O que tem de tão especial nela?  
Bem, é disso que eu gostaria de tratar nesse texto. Não propriamente dessa canção, mas da mensagem que ela trás, pois se trata de algo que tem me levado a refletir muito nos últimos dias.  
"Os passos que dei sem você, só me fizeram fracassar. O tanto que eu já chorei... Me arrependo dos meus planos!" 
Uma pessoa só se arrepende dos planos que fez se eles deram errado por algum motivo. O eu-lírico da música diz que os passos que ele deu sem Deus fizeram ele fracassar. Toda vez que escuto isso me da um aperto no coração, pois fico pensando se essa pessoa já cometeu tantos erros quanto eu antes de encontrar com Deus. Eu já ouvi muitas histórias e testemunhos de pessoas que deram muitos passos errados, que se perderam no caminho, e que em uma virada de 180 graus acabaram encontrando com a razão de nós estarmos aqui neste mundo: Jesus. E em tudo isso que eu já vivi e presenciei, eu percebo cada dia mais que realmente não da pra viver sem o Amor do Altíssimo. Só quem já possuiu uma vida fora da graça consegue valorizar tudo aquilo que o Senhor pode nos dar.  
Santo Agostinho possui uma oração belíssima que diz assim: "Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu te amei! Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora!". É assim que o eu-lírico se sente quando ele diz que os passos que ele deu sem Deus só fizeram com que ele fracassasse. Eu me senti assim por muito tempo também e quando eu tive meu encontro pessoal com Cristo, eu percebi que eu precisava mudar de vida. E essa mudança de vida muitas vezes envolve renunciar muitas coisas que fazemos ou que gostamos de possuir.  
Esse é um dos temas que eu gostaria de tratar nesse texto: renúncia. 
A grande verdade é que há dentro de nós um desejo insaciável de sermos amados. A fonte de todo amor é Deus. Ele que nos ama, cuida de nós, providenciou para que tivéssemos uma excelente vida aqui na terra nos dando a natureza, os animais, água, comida... E mais do que isso tudo, Deus nos ama tanto que enviou Jesus para que não fossemos condenados pelos nosso pecados, como diz em João 3, 16. Mas até descobrirmos tudo isso, nós acabamos indo atrás de outras fontes que possam de alguma maneira preencher esse vazio em nossos corações.   
Nesse ponto, as histórias que eu conheço se dividem. Alguns buscam preencher este vazio com bebida; outros, com drogas; outros, nutrem uma sexualidade desregrada; outros ainda são depressivos e assim por diante. Nós acabamos alimentamos esses vícios na esperança de substituir Deus em nossas vida. Como bem continua Santo Agostinho na mesma oração, "Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas. Estavas comigo, mas eu não estava contigo. Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem.".  
Entra aqui então a renuncia. Quando encontramos com Deus, provamos do mais perfeito e belo amor que já existiu e que irá perdurar até o fim do mundo. Em I Coríntios 134-5 nos é dito que "O amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal.". Os exemplos que eu havia citado logo acima e tantos outros que deixei de falar mas que também acontecem vão contra a essência Divina. E para provarmos do Senhor, precisamos renunciar, rejeitar, abrir mão, não querer, largar essas paixões mundanas, pois elas passam. O único que fica para sempre é Deus e mais nada. 
Porém, renunciar não é algo fácil, tampouco é algo que temos prazer em fazer. Muitas vezes precisamos deixar de lado coisas que parecem insignificantes a primeira vista, como uma maneira de falar ou um filme que não nos edifica. Mas também, em diversas situações precisamos largar coisas que são importantes demais para nós e que supostamente irão no fazer falta se tirarmos de nossa vida, como roupas que não nos levam para o céu e até mesmo amizades erradas. 
"Sem Ti nada posso fazer... Mas onde eu posso ir se o céu que eu procuro só vira por Tua voz?" 
Isso tudo realmente não é fácil, mas renunciar é basicamente matar nossa vontade para que nós possamos cumprir a vontade de Deus, que nem sempre é a mesma que a nossa. Mas acontece que Deus sabe o que é melhor para nós. Na mesma passagem de João 3, 16, nos é dito que Ele enviou Jesus para que todos nós possamos conhecer a verdade e assim, conquistar a vida eterna. Como diz no trecho de musica acima, "Mas onde eu posso ir se o céu que eu procuro só vira por Tua voz?". Se nós temos a consciência de que Deus nunca nos decepcionaria, porque insistimos em tentar ser deus de nós mesmos? 
Porque nós não sabemos ser obedientes. O caminho que nos leva até o céu não é fácil e nunca vai ser. Mas se quisermos mesmo chegar até lá, é necessário que façamos sacrifícios. É dito em Mateus 16, 24-25 que "Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á.". A palavra é bem clara! Até porque, se for pensar no que Jesus sofreu no calvário até chegar a ser crucificado, os sofrimentos que passamos por essa terra não são nada! Na verdade, é um prazer sofrer por Jesus, pois se estamos sofrendo, quer dizer que estamos nos doando muito para o projeto de salvação do Senhor. E não há honra maior do que a de lutar pela Igreja de Cristo. É uma forma de agradecer tudo aquilo que Ele sofreu por nós para nos resgatar do pecado! 
Levando em conta tudo isso que foi dito até agora, eu comecei a pensar... Quantas vezes eu cantei que "Os meus passos são Teus, o meu próximo minuto é Teu...  Se não for assim, não me deixe ir!". Mas quantas vezes eu vivi isso realmente? Comecei a lembrar das ocasiões em que eu dizia para Deus que queria fazer a vontade dEle mas que ao invés disso, terminava por fazer o que eu queria... Das situações em que eu ao invés de aceitar os "nãos" que meus coordenadores e outros superiores (que são a voz de Deus dentro dos movimentos da Igreja) me davam eu simplesmente desobedecia para realizar a minha vontade. De que adianta nós cantarmos músicas que dizem coisas como "Viver pra mim é Cristo, morrer pra mim é ganho" ou "Eu quero matar a minha carne e fazer Tua vontade, doce Espírito" ou até mesmo a música "Teus Planos" que citei neste texto inteiro se não somos capazes de viver isso? Palavras que não são colocadas em prática são palavras mortas! "Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta?" (Tiago 2, 20). 
Que nós possamos refletir sobre como nós temos tratado e se estamos levando a sério o caminho de salvação que precisamos trilhar. Depois de todas essas experiências que partilhei, convido você a se fazer essas perguntas: eu tenho realizado a vontade de Deus? Tenho deixado Ele guiar as minhas decisões ao invés de simplesmente aderir a minha vontade sempre? Eu tenho renunciado os meus quereres como forma de mortificação da minha própria carne, para assim cumprir os desejos de Deus?  
Por fim, lembre-se sempre de duas coisas: a primeira é que a obediência gera santidade, temos inúmeros santos que podem comprovar isso para nós. E a segunda é que "Tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada." (Romanos 8, 18). 
Que Deus possa abençoar imensamente sua caminhada! Salve Maria Imaculada! 
"Dou minha mão para Ti, fecho os olhos e confio em Ti... Leva-me Senhor!".

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